Webséries: como mobile first muda o jogo nessa área?

As webséries têm atraído a atenção do público desde o início da difusão comercial da internet. Isso não é exatamente uma novidade.

A primeira experiência bem-sucedida foi em 1995, quando Scott Zakarin criou The Spot, mostrando que a web poderia abrigar produções específicas. Ou seja, não precisava se limitar à exibição de extensões das séries de TV.

Esse caminho inaugurado por The Spot foi ampliado com o crescimento do YouTube e, nos últimos anos, com a adesão do público às redes sociais. Essas plataformas têm se mostrado perfeitamente adequadas ao consumo de vídeos. E, mais do que isso, têm estimulado o desenvolvimento de novos tipos de narrativas audiovisuais.

Vide o sucesso do Snapchat, que também acabou por incentivar os investimentos de outras plataformas nessas modalidades de exibição – veja aqui o artigo que fizemos sobre o IGTV, do Instagram.

Para os produtores audiovisuais, essas novas possibilidades são um alento: não precisam mais depender dos grandes players da indústria e ganham independência para promover suas criações.

Voltando para a nossa história, é justamente sobre esse universo que vamos tratar neste artigo: a importância conquistada pelas produções independentes. Elas têm se multiplicado, agora em virtude de outra mudança na distribuição dos materiais, ocasionada pela explosão do consumo de vídeo via aparelho celular.

Mobile first deixou ser tendência para o público, e as produções audiovisuais têm se adequado muito bem nesse ambiente.

Sim, essas produções demandam mais atenção com o formato das narrativas (estamos falando de vídeos de curtíssima duração), mas tem mais novidades nessa frente, como o surgimento dos estúdios especializados em produções para os dispositivos móveis.

Quer entender mais sobre essa movimentação no mercado audiovisual? Siga com a leitura, porque separamos informações relevantes sobre o assunto.

O que há de novo na produção de webséries?

É difícil não se surpreender com a velocidade da transformação digital. Ela é responsável pelo surgimento de empresas como a Vertical Network, especializada na produção de vídeos para aplicativos de dispositivos móveis.

Detalhe importante: a operação pertence a Elizabeth Murdoch, filha de Robert Murdoch, magnata da área de mídia.

Há quem diga que o sucesso de sua operação tem a ver com o fato de conseguir espaço nas grandes organizações da família, mas existe mais por trás dessa história.

Primeiro, desde o início de sua carreira Elizabeth tem buscado o campo da produção independente. A Vertical foi criada para atuar com produções voltadas para o público de 13 a 25 anos, fãs de aplicativos como Snapchat. Aliás, essa rede social tem sido o alvo principal das atrações do estúdio.

A proposta era justamente experimentar novas formas de produção que, se bem-sucedidas, poderiam inclusive ir para outros canais, como a TV.

Foi o que aconteceu com a web série Phone Swap, produzida originalmente para o Snapchat e que este ano está sendo adaptada para o canal Fox. A experiência é um teste, mas já vale por causa da inversão dos processos. Quem imaginou que em tão pouco tempo veríamos esse tipo de migração?

E a Vertical tem outros casos nessa linha transmídia. O conteúdo de sua revista eletrônica Brother, por exemplo, em breve deve se transformar num livro.

VEJA TAMBÉM: Produtora de documentários: que tal investir num DOC?

O que diferencia a produção de webséries para o mobile?

O que diferencia a produção de webséries para o mobile?

Refletindo sobre os diferenciais das produções guiadas pelo conceito mobile first, o primeiro aspecto a ser destacado é o tempo de duração das webséries. Cada episódio tem poucos minutos de duração. Para se ter uma ideia, no caso da Phone Swap, a regra é que o público seja surpreendido nos primeiros vinte segundos.

Outra mudança é em relação ao formato. Não há empecilho em gravar na vertical. Aliás, é importante frisar: as novas gerações de consumidores não são tão apegados à referência da televisão. Ou seja, os vídeos na vertical não parecem “estranhos”. Como se encaixam bem no ambiente das redes sociais, são vistos com naturalidade.

Ainda tomando a Phone Swap como referência, a proposta é justamente usar o formato para trabalhar com telas divididas. Isso facilita a inclusão de textos, ilustrações, enfim, o que for possível para garantir mais agilidade à história.

Que lições tirar para a produção de conteúdos?

Considerando que se trata de um terreno novo para todo mundo, é bom analisar a movimentação dos players mundiais nessa área.

Os estúdios especializados nessas produções têm conseguido atrair a atenção dos investidores, o que pode ser um indicativo de que não se trata de uma “onda passageira” ou modismo de internet.

Jeffrey Katzenberg, fundador da DreamWorks Animation, revelou recentemente que o seu novo empreendimento, a WndrCo, garantiu US$ 1 bilhão de investidores que incluem Universal, Sony e Paramount, todos interessados na criação de conteúdos de qualidade para exibição em dispositivos móveis.

Empresas de mídia convencionais, incluindo a NBCUniversal e a Condé Nast, encontraram algum sucesso nessa área. Porém, pelo menos até o momento, quem está se dando melhor são mesmo as iniciantes, como a Vertical.

Executivos que estão à frente dessas operações têm enfatizado que para ter sucesso nessa área deve-se abandonar a chamada “arrogância de Hollywood”. Ou seja, é preciso investir em produções que interessam ao público, e não aos estúdios. Parece óbvio, mas quantas vezes isso já aconteceu nessa indústria?

Como produzir para mobile first?

Principalmente numa área tão dinâmica como a de produção de conteúdo para o público jovem, certamente é arriscado ditar regras sobre o que funciona. Porém, não custa nada prestar atenção às “lições” que já foram aprendidas pela Vertical, certo?

Veja algumas informações que compilamos a partir das entrevistas concedidas pelos diretores do estúdio para a Business Insider e o New York Times.

Estimule o público

O público que consome vídeo no mobile gosta de ser estimulado. Então, faz sentido que ele veja várias coisas acontecendo ao mesmo tempo na tela. A lógica por trás disso é simples: essa geração está acostumada com o feed do Facebook, que oferece infinitas informações visuais.

O mesmo acontece com a tela inicial do seu celular, com dezenas de notificações dos aplicativos. Ou seja, esse público está acostumado com esse ambiente mais conturbado.

Entenda o target

Bailey Rosser, diretora da Vertical e responsável por acompanhar a reação do público para os conteúdos produzidos pelo estúdio, tem outra dica para quem pretende investir nessa área: o tratamento mais personalizado (com o uso do você), necessário para responder à demanda narcisista do público.

A preocupação com a quebra de paradigmas usados na TV é uma constante no mobile first. Afinal, como defendem os produtores, não se trata apenas de uma mudança de tela. Para eles, o que tem sido decisivo para o sucesso do estúdio é a investigação sobre as percepções do público. Eles dizem acompanhar mais de cem variáveis sobre o comportamento do espectador.

Acelere o ritmo

O ritmo das narrativas é outro aspecto que merece cuidado. Com base na sua experiência com Phone Swap, a Vertical descobriu, por exemplo, que os usuários do Snapchat exigiam ações muito rápidas. Se não vissem um swapper entrando em pânico nos primeiros vinte segundos, seguiam em frente na navegação.

Experimente!

Diferentemente do que acontece nos grandes estúdios, na Vertical a falha é vista como parte do processo de crescimento da empresa. Como exemplo, vale citar o caso de Epic Quit, que mostrava as pessoas deixando seus empregos de maneira exagerada.

Por mais mudanças que foram feitas no formato, o projeto não emplacou. A conclusão dos produtores? A simples ideia de a história envolver o ambiente de trabalho já era um aborrecimento para os usuários do Snapchat.

A recomendação, então, é não ter medo de abandonar rapidamente as ideias que não emplacam. “Nós falhamos dezenas de vezes por semana para ter sucesso uma vez por mês”, declarou um dos diretores da Vertical.

Aposte no formato vertical

A defesa do formato vertical tem a sua lógica: se mudou o contexto de consumo, faz sentido que se altere a forma de se contar as histórias.

A interatividade é outro ponto alto dessas produções. Mas os produtores também estão de olho nas possibilidades em termos de gamificação, tendência que deve se acentuar nos próximos anos.

Priorize o engajamento

Engajamento com os conteúdos é o conceito-chave para o sucesso nessa área. Na prática, isso significa que nem sempre a busca será pela escala. O diretor da Vertical sintetiza essa ideia ao dizer que o estúdio prefere ter 100 mil pessoas realmente interessadas no seu programa em vez de 2 milhões que nem sabem quem está por trás daquela produção.

Quais são as tendências para as webséries?

Há alguns movimentos no mercado que nos permitem dizer que ainda vamos ouvir falar muito do mobile first na produção audiovisual.

No primeiro semestre de 2018, o Facebook anunciou iniciativas para a área de produção de conteúdos originais para dispositivos móveis (saiba mais sobre o assunto neste link).

Para entender melhor o que está acontecendo nessa área nos EUA, veja este dado: a estimativa é que o público para ODV (vídeo digital original) chegue a 72 milhões no mercado norte-americano.

Outra informação que merece atenção: a maior parte do faturamento da Vertical tem origem na publicidade, o que confirma que os anunciantes têm interesse na sua audiência.

Como você viu neste artigo, a produção audiovisual tem tudo para se diversificar cada vez mais. No final, o que vale é nossa habilidade para contar boas histórias.

Num ambiente mais fragmentado no que diz respeito à audiência, sai na frente quem consegue engajar o público, e esta é uma característica que faz parte do DNA do audiovisual. Web série, documentário, longa-metragem, curtas, enfim, o que não faltam são formatos para ser explorados de forma a se contar boas histórias.

Gostou do artigo? Quer saber como podemos ajudá-lo na produção de um vídeo? Entre em contato com a Ludovic. Vamos compartilhar com você nossa experiência nessa área!

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Dica: leia esses dois artigos que falam sobre séries para a web – Shrink e Best series web!

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